Em “Luzes da Ribalta”, Chaplin ouve de uma menina: “A vida não tem sentido”. E replica: “O que importa é o desejo, não o significado”. Dois pontos a comentar: o significado não é o mesmo que o sentido; o desejo não se opõe ao significado.
O sentido é sempre pessoal, nasce nas profundezas do eu e aponta para o mundo externo; quando se esvai, esvai-se em cada um de nós, ainda que tudo o que nos cerca permaneça imutável. O significado é a parte comunicável da diversidade de sentidos que atribuímos às coisas e à vida, é o que há de partilhável em tal multiplicidade de perspectivas.
O que caracteriza o ser humano é uma permanente busca de sentido para as ações que realiza. Não corremos atrás do prazer pelo prazer: o sofrimento pode ser tolerado quando se insere em um projeto maior, ou seja, quando “faz sentido”.
Uma pequena torção semântica torna a frase de Chaplin absolutamente verdadeira: mais importante que ter vislumbrado o sentido é manter viva a chama do desejo, ou a vontade de sentido.

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